O ENIGMA GALA-DALI

Um sujeito excêntrico e com uma marca única, tanto pessoal, como em seus quadros apresenta uma arte que expõe toda profundidade em uma superfície ,e que em uma espécie de sonho traz o despertar para o observador,(re)criando o mito de sua própria existência.

Eis que veio ao mundo ocupando um lugar de morte,Salvador Domingo Felipe Jacinto Dali i Domènech,mais conhecido como Salvador Dali (Figueres, 1904-1989),nasceu com o mesmo nome de seu falecido irmão ,e ficou conhecido através de sua arte e personalidade inconfundíveis,pintava a era atômica e freudiana,apresentando muitas afinidades com física matemática e psicanálise.Para Dali, o que o pintor expressa, são mitos que ele mesmo criou a respeito de sua origem,e do universo,como uma espécie de cosmogonia:"Todo pintor pinta la cosmogonía de sí mismo,Rafael pinta la cosmogonía del Renacimiento y Dalí pinta la era atómica y la era freudiana." Cosmogonia vem do grego(do grego κοσμογονία; κόσμος "universo" e -γονία "nascimento"),é um termo que se refere as lendas e teorias sobre a origem do universo e de nós mesmos.Pintar era impossível sem retratar isso,tudo remetia a origem,afinal tudo aquilo que está sendo criado e dado a vida ao mesmo tempo recebe a morte,pois só se finda aquilo que já começou .Transformando a tela em uma das superfícies mais profundas,surge uma musa para os seus quadros e a sua vida:Gala,uma mulher cerca de 10 anos mais velha que o inspirava em sua arte,segundo Dali o maior medo que teve, foi de que aquele romance o destruísse,já que não estava acostumado em investir sua energia psíquica na realidade,e ela o trazia para próximo do real.

Quando se conheceram,Gala era esposa de Paul Eluard ,ela nasceu na Rússia em uma família de intelectuais, e tinha fama de ser uma influência destrutiva em seus relacionamentos com as pessoas do meio das artes,algum tempo depois os dois engataram um relacionamento.“Gala me deu, na verdadeira acepção da palavra, a estrutura que faltava na minha vida. Eu não era mais do que um saco cheio de buracos, mole e nebuloso, sempre em busca de uma muleta. Encontrei em Gala uma espinha dorsal, e fazer amor com ela, preencheu minha pele. Primeiro eu pensei que ela iria me devorar, mas, pelo contrário, tem me ensinado a conhecer o real.”Gala era uma modelo frequente nas obras de Dali e o ajudou a reencontrar seu foco,na maioria das vezes ela aparece em papéis religiosos,como na Madona de Port Ligat,uma obra que retrata morte,vida e religião tendo Gala como foco principal.

Em meio a obras que navegam pelo inconsciente, essa mistura do real e imaginário,através de todas as simbologias das obras de Dali que levam o observador a sonhar e despertar pro seu mundo interno,Gala fica cada vez mais viva em suas obras.Dali que a principio temia se perder,se considera salvo por Gala,e começou a assinar seus quadros como Gala –Dali.Ele acreditava que Gala era a razão de sua existência,ela o trouxe de volta a vida.Dali transformava sua paranoia em criação, interpretando a realidade da sua maneira,revelando em um jogo que também esconde, através de imagens que capturam o observador, se misturando no irreal e no real ,a morte e a vida,de maneira caótica e fazendo o sujeito se questionar a respeito de própria existência,o acordando para o mundo dos sonhos e questionando sobre aquilo que o cerca.“Um dia terá que ser admitido oficialmente que o que batizamos de realidade é uma ilusão até maior do que o mundo dos sonhos.” Salvador Dalí

Fonte: Divagando e Sempre